quarta-feira, 2 de agosto de 2017

Um outro novo dia - Chico Araujo

Fotos de Chico Araujo.
Mais uma vez pude assistir ao nascer da manhã. Mais uma vez um céu misto de escuro e claridade: uma parte a noite se despedindo, a outra, o dia se insinuando. Foi um renascer tranquilo, no lugar de onde eu olhava.

Aos poucos os passarinhos foram expulsando o silêncio predominante, suas asas imprimindo voos em cânticos. Aos poucos, os primeiros veículos, os primeiros passos, as primeiras pessoas.

Nos jardins, o verde de gramas e cercas-vivas, as cores efusivas das flores despertando também, destacando a continuidade da vida, ao abrigo de beijos intensos do vento ainda friinho.

Sinto que desejo fosse sempre assim. Que junto com as manhãs belas de clima ameno, as famílias pudessem acordar em comemoração, sem choro triste – engasgado ou expresso. Sem choro de dor. Sem choro de saudade implacável.

Sinto que desejo fosse sempre assim: um despertar matutino em tranquilidade, em alegria, em simplicidade, em felicidade, em paz. 

Tranquilidade à semelhança daquele que acorda sem quaisquer estremecimentos de susto.

Alegria equivalente à de uma criança que corre ao encontro acolhedor do abraço da mãe – uma alegria dinamizada em um sorriso de corpo inteiro abraçada ao instante feliz.

Simplicidade, tal qual escrita poderosa de poemas de Mário Quintana, ou de Manoel de Barros.

Felicidade, estabelecida desde o acender em intenso brilho de um olhar insuspeito pleno da chama divina.

Paz, ampla e poderosa, análoga àquela que podemos deixar nos invadir, quando no espaço paradisíaco de certa região serrana.

Sinto mesmo e intensamente que desejo fosse sempre assim.

Tudo sempre acolhedor e benéfico, tal qual caldo de feijão quente que expele a frieza e falta de gosto de um almoço gelado.
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Chico Araujo publica todas as quartas-feiras no Evoé! "Um outro novo dia" foi escrito em 31 de julho de 2017. Leia mais Chico Araujo em Vida, Minha Vida...

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